quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lembro-me como se fosse hoje

Lembro-me como se fosse hoje do dia em que te conheci.
No dia da grande mudança da nossa vida, o nosso primeiro dia de escola.
Lembro-me de entrármos naquela sala, juntamente com as nossas mães à procura do cartãozinho onde constava o nosso nome.
Lembro-me de todas as nossas brincadeiras (quer aquelas que consistiam numa espécie de guerra de bolotas, quer nos jogos da "macaca", quer aquelas que nos exigiam algum exercício tais como saltar à corda e o elástico, os nossos ataques às chicletes da "cabaninha", enfim, entre muitas outras).
O tempo foi passando e quando demos por ela já estávamos no ciclo, onde muita coisa mudou nas nossas vidas. Surgiam outras brincadeiras, outras conversas...
Ao longo desse tempo deparámo-nos a olhar para outras coisas (como diriam as nossas mães, começámos a "olhar para a sombra"). Assim passaram mais 5 anos das nossas vidas, onde vivemos algumas das nossas asneiras, as zangas de "canalha" (que apesar de tudo entre nós NUNCA existiram), as nossas paixões, aquelas que...enfim...nem sei que dizer...talvez "inocentes" (principalmente quando nos deu para aquelas aberrações), mas.....tudo isto faz parte da nossa juventude e nao podemos apagar estes momentos das nossas vidas. As primeiras saídas à noite onde te diziam para vires também e tu dizias "Eu não gosto de sair à noite" (mesmo sem nunca teres saído); as primeiras maquilhagens, onde tu mais uma vez não achávas piada nenhuma.
Após esta fase, já se tinham passado cerca de 9 anos juntas, mas o nosso destino não nos permitiu continuar juntas diariamente, pois surgiu o momento em que tinhamos que começar a pensar no nosso futuro.
Tu seguiste para o secundário, continuando por cá, eu optei pelo ensino profissional, separando-me um pouco de ti ao ir para Monção.
Apesar da distância, ao contrário de muitas outras que não imaginávamos, a nossa amizade continuou, hoje talves mais forte que nunca.
Como tu disseste são quase 14 anos, muito tempo mesmo, muitas coisas partilhadas, muitas experiências que nos marcaram, muitas confidências, enfim...

 
Hoje admito-te não só pelo facto de a nossa amizade continuar e ser cada vez mais intensa, de estares ao meu lado quando preciso, mas também porque HOJE és TU que me dizes "ANDA, NEM QUE SEJA SÓ PARA TOMAR CAFÉ", és tu que dizes "NÃO POSSO SAIR DE CASA SEM MAQUILHAGEM"; "DEMORO MUITO TEMPO PARA ME ARRANJAR".

Hoje admiro-te pela amiga que és e por todo o apoio que me dás quando preciso.

Só me resta dizer-te:
ADORO-TE DÉBORA
(priminha postiça)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Desejos vãos


"Eu queria ser o Mar de altivo porte

Que ri e canta, a vastidão imensa!

Eu queria ser a Pedra que não pensa,

A pedra do caminho, rude e forte!



Eu queria ser o sol, a luz intensa

O bem do que é humilde e não tem sorte!

Eu queria ser a árvore tosca e densa

Que ri do mundo vão e até da morte!



Mas o mar também chora de tristeza...

As árvores também, como quem reza,

Abrem, aos céus, os braços, como um crente!



E o sol altivo e forte, ao fim de um dia,

Tem lágrimas de sangue na agonia!

E as pedras... essas... pisa-as toda a gente!..."


                                                                                                                                       by Florbela Espanca

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Vida

"É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!"


by: Florbela Espanca